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Menino de 5 anos morre após ter dois dentes de leite arrancados no dentista

O pequeno Veles Pashnyk, 5 anos, morreu depois que um dentista removeu dois de seus dentes de leite sob anestesia geral, em Lviv, na Ucrânia. O procedimento foi realizado em 17 de dezembro. O menino precisou ser levado ao hospital às pressas e foi declarado com morte cerebral. Ele não resistiu e faleceu em 13 de janeiro. De acordo com o portal britânico The Sun, a polícia está atualmente investigando a clínica.

Os pais, músicos Marianna Vakhniak e Viktor Pashnyk, contaram que o filho estava nervoso, então, o cirurgião se ofereceu para colocá-lo sob anestesia geral. Eles acharam que seria uma boa ideia, mas o menino começou a ficar agitado e se recusou a aceitar a anestesia. A mãe ficou com um mal pressentimento e disse que pediu que parassem com o procedimento. Mas seus pedidos foram em vão e o dentista submeteu o pequeno à anetesia geral, de acordo com informações do veículo ucraniano Unian.

No entanto, logo após o início da operação, Marianna ouviu uma movimentação e observou horrorizada enquanto os médicos entraram correndo para a sala. Após 20 minutos, duas equipes de emergência chegaram à clínica e levaram a criança às pressas para o hospital local, St Nicholas.

A mãe foi informada de que o coração do filho havia parado depois que ele foi colocado sob anestesia geral. Os médicos conseguiram reanimá-lo, mas quando ele foi transferido para uma unidade de terapia intensiva, foi diagnosticado com morte cerebral. “Ainda não está claro para nós o que [foi] feito na sala de cirurgia com uma criança saudável, de modo que ela ficou em coma sem chance de recuperação”, disse o pai, de coração partido. O menino foi colocado em aparelhos de suporte à vida e morreu em 13 de janeiro.

Uma investigação policial foi iniciada e está sendo averiguado se os médicos foram responsáveis ​​pela morte da criança, disse a Procuradoria-Geral. O departamento afirmou que a investigação está “em andamento” e que “será dada uma avaliação jurídica às ações dos médicos”. Viktor anunciou a morte de seu filho no Facebook. “Voe, nosso menino, voe… Paz do céu para todos nós. Descanse em paz, nosso amado Lesyuno”, escreveu na legenda.

Infelizmente, o caso não é isolado. Em novembro de 2023, um bebê de um ano morreu na cidade ucraniana de Ternopil, depois de também ter sido submetido a anestesia geral para remover os dentes de leite. O Unian informou que o bebê sofreu uma reação alérgica e não conseguiu ser acordado. A Procuradoria Regional de Ternopil disse que a causa preliminar da morte do menino foi insuficiência pulmonar e cardíaca aguda.

Riscos da anestesia

A anestesia pode levar à morte? Sim! É o que responde a odontopediatra Simone Levy, habilitada em analgesia inalatória pela Academia de Odontologia do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a dentista, a anestesia serve para o bloqueio da dor, já a sedação é para diminuir a ansiedade. No caso de crianças que não possuem um controle de comportamento, às vezes, a sedação é indicada. No entanto, muitos pais acham que a sedação irá resolver todos os problemas, mas nem sempre é assim. “Nós precisamos ter certeza se a criança tem um perfil para aceitar a sedação, é necessário indicação. Crianças abaixo dos seis anos, elas saem de uma sedação leve para uma sedação mais profunda de uma forma muito rápida. O profissional que faz esse procedimento precisa ser habilitado e com uma experiência no que está fazendo, pois é preciso controlar os sinais vitais do paciente”, diz Simone.

De acordo com o dentista Mauro Macedo, Membro da Academia Brasileira de Odontologia, os casos letais geralmente estão associados à superdosagem. “A falta de conhecimento das doses máximas e o uso incorreto das técnicas anestésicas por parte de alguns profissionais é um fator normalmente presente nesses casos. Todo anestésico é constituído de uma substância chamada de sal anestésico e de uma outra chamada de vasoconstrictor. A superdosagem pelos vasoconstritores é mais comum em casos de morte em pacientes adultos, pois causa aumento brusco da pressão arterial seguido de hemorragia intracraniana, em pacientes suscetíveis. Nas crianças, a superdosagem do sal anestésico é o principal causador da morte por superdosagem, pois leva a uma depressão do sistema nervoso central tendo como consequência a parada cardio-respiratória com anoxia cerebral”, afirmou o especialista.

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Assim, antes de realizar um procedimento com anestesia, os pais devem informar para os profissionais de saúde as condições de saúde da criança, como histórico de doenças, assim como a ingestão de medicamentos ou tratamentos recentes. Já o dentista deve saber realizar o correto cálculo da dose do anestésico por peso corporal, ou pelo menos a noção do volume máximo aproximado. “É essencial evitar a administração de doses acima da máxima recomendada, principalmente em pacientes pediátricos em que os riscos de toxicidades são maiores devido ao seu menor peso corporal”, explicou o dentista.

O especialista também alerta para a importância de controlar a ansiedade das crianças. “Durante o estresse, há liberação intensa de norepinefrina e epinefrina pelas glândulas supra-renais, que somado ao vasoconstritor, presente na solução anestésica injetada, pode resultar em alteração significativa da pressão arterial com outras intercorrências severas”, o dentista ressaltou.

Outro problema é que as crianças podem ser alérgicas ao medicamento presente no anestésico. Apesar de ser um quadro raro, pode acontecer em alguns minutos ou mesmo horas após a aplicação da medicação. “O grande e maior problema é que muitos profissionais pouco sabem como agir frente a esse problema. Dentre as crianças mais comuns a desenvolverem essa reação alérgica no consultório, podemos citar as portadoras de asma ou rinite alérgica, pois são patologias que fazem com que o organismo reaja exageradamente a uma agressão alérgica”, explicou o especialista.

Em relação às reações, a anafilática é a mais grave, pois tem início súbito e pode se desenvolver em poucos minutos ou algumas horas, causando queda da pressão arterial, inchaço dos lábios, boca e dificuldade para respirar. Nesses casos, Macedo menciona que o dentista administrar drogas anti-histamínicas injetáveis e encaminhar imediatamente a criança a uma emergência médica para ser diagnosticada e medicada.

Sempre tem que sedar a criança em procedimento odontológicos?

Simone Levy reforça que a sedação é um instrumento que existe, mas não deve ser a primeira alternativa. Em um primeiro momento, os pais precisam fazer uma consulta de avaliação com o especialista em odontopediatria para se avaliar o perfil da criança e verificar se ela realmente não será colaboradora durante o procedimento. “A mensagem que fica é que é importante que as pessoas entendam que a sedação é um recurso, mas não é o primeiro recurso, por isso é importante ter uma consulta com especialista para tirar todas as dúvidas”. Segundo a dentista, muitas vezes, nem precisa realizar a sedação, pois a criança deixa o profissional fazer o procedimento sem problemas.

Segundo a odontopediatra, antes de realizar o procedimento odontológico, os profissionais precisam interagir com as crianças. Ela explica que, no meio odontológico, se usa muito a técnica em que se explicar para o paciente o que vai ser feito, em seguida mostra como faz e depois faz de fato.