Comportamento
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Professora questiona: “Por que eu seria obrigada a trocar a fralda de uma criança de 6 anos?”

Professora de creche responde à mãe que matriculou os filhos na escola sem desfraldá-los

Recentemente, uma legisladora britânica gerou controvérsias ao criticar pais por matricularem seus filhos na escola antes de ensiná-los a usar o banheiro. Uma mãe, em resposta, afirmou não ter tempo para o desfralde e não se sentir culpada por enviar sua filha de 4 anos para a escola usando fraldas.

Agora, uma professora primária desabafou ao Daily Mail, afirmando que não é sua obrigação trocar fraldas de crianças de 6 anos, especialmente quando as mães não tiveram tempo de ensiná-las a usar o banheiro.

“Na escola onde trabalho, uma mãe esqueceu de trazer roupas e fraldas extras para o filho”, compartilhou uma professora que prefere não se identificar. “Ela prometeu voltar em uma hora, mas depois de 90 minutos, ainda não tinha aparecido. Quando liguei para saber onde ela estava (o menino já havia me dito que estava molhado), a resposta dela foi desanimadora e previsivelmente negativa: ‘Não tenho tempo! Ele está na escola, então o problema é seu’. Mas ela está errada”, expressou a professora, irritada.

“Trocar fraldas definitivamente não faz parte da minha descrição de trabalho como professora, especialmente porque a criança em questão não era pequena, mas sim uma de 6 anos”, relatou. “Pode ser surpreendente saber que algumas mães enviam seus filhos para a escola sem antes ensiná-los a usar o banheiro. Infelizmente, essa atitude não é isolada”, afirmou.

De acordo com a professora, essa prática tem se tornado comum no país, especialmente em famílias com melhores condições financeiras.

“Na verdade, é tão frequente que, na minha escola, situada em uma cidade abastada e de classe média no sul da Inglaterra, onde leciono para crianças de 4 a 6 anos, possuímos um armário com roupas extras, fraldas, lenços umedecidos e loções, em um vestiário totalmente equipado (todos esses itens são custeados pelo orçamento escolar)”, compartilhou.

Ela destacou que a maioria das escolas em que trabalhou precisava desse suporte.

“Ao longo dos meus 11 anos como professora, tenho lidado quase diariamente com crianças de 4 a 7 anos que ainda não aprenderam a usar o banheiro”, acrescentou.

Na situação mencionada no início desse desabafo, a professora explicou que foi uma experiência única. Ela teve que pedir a um assistente de ensino que fosse a um supermercado comprar fraldas do tamanho certo para a criança, pois não havia na escola. A docente destacou que, aos 6 anos, a criança já possui um alto nível de consciência social.

“Ele [o aluno] ficou incrivelmente envergonhado porque eu tive que resolver o problema e colocar uma fralda limpa”, afirmou.

“Ações como essa são a razão pela qual, assim como a maioria dos professores em todo o país, fiquei horrorizada com a confissão da mãe, Shona Sibary, que admitiu ter mandado sua filha de 4 anos para a escola sem desfralde adequado e simplesmente esperava pelo melhor”, declarou, indignada.

“Ela pode se sentir culpada, mas professores como eu ficam furiosos porque os pais estão literalmente nos deixando para limpar a bagunça deles”, argumentou.

Para ela, é essencial que, por mais ocupados que os pais estejam, reservem tempo para ajudar seus próprios filhos a atingirem esse marco importante, o desfralde, em vez de terceirizar o serviço para as escolas.

“E para quem pensa que não é grande coisa, informo que não se trata apenas de trocar a criança e colocar roupas secas nela. Diferentes escolas têm políticas individuais, mas em todas as ocasiões as aulas são interrompidas. Em alguns casos, os professores precisam entrar em contato com os pais para alertá-los sobre o incidente. Sempre precisamos verificar se temos permissão para trocar a criança. Eu passo entre quatro e cinco horas por semana fazendo isso, tempo que poderia ser usado para ensinar”, ressaltou.

Diferenças sociais

A professora também ressaltou que, contrariando a crença de muitos, são os pais de classe média, habituados a contar com babás, que esperam que o sistema educacional compense a negligência com seus filhos.

Esses pais, frequentemente médicos ou enfermeiros, passam o dia corrigindo as escolhas de estilo de vida de seus pacientes, enquanto ignoram o que está acontecendo com seus próprios filhos.

Em seu relato ao Daily Mail, ela mencionou outras situações em que os pais parecem distantes da educação de seus filhos.

“Os pais de classe média também são os mais propensos a atrasar cronicamente na busca pelos filhos, causando estresse para as crianças. Esses pais vivem correndo de uma ‘crise’ para outra. Conversas cara a cara com eles também são raras, pois ‘não têm tempo’. Quando consigo identificar esses pais, minha mensagem é clara. Lembro a eles sobre as habilidades essenciais para a vida que seus filhos precisam adquirir – usar garfo e faca, calçar e tirar os sapatos, fechar o zíper do casaco, e, claro, serem treinados para usar o banheiro. Tento convencê-los de que a criança precisa que sua mãe e seu pai os ajudem com firmeza e consistência a navegar pelo mundo fora de casa”, destacou a professora.

Entre os conselhos que ela compartilha com os pais, a professora destaca a importância do treinamento para o desfralde. Ela lembra que dedicar toda a atenção a esse processo é essencial, oferecendo dicas sobre como elogiar os filhos em casa por usarem o banheiro e incentivá-los através de um sistema de recompensas, como adesivos. Muitos pais respondem como se ela tivesse pedido algo extremamente difícil, rebatendo com um simples “Estou muito ocupado!”.

Ela expressa sua frustração questionando como alguém pode estar ocupado demais para ensinar a seu filho uma habilidade tão básica, essencial para o desenvolvimento físico e emocional da criança. Além disso, ela enfatiza que essa responsabilidade crucial não deveria recair sobre ela, que pode estar na vida da criança apenas por alguns meses, mas sim sobre os pais.

Conclui, dizendo:

“Sim, treinamento para o desfralde pode ser ‘chato’, mas quem disse que ser pai era uma longa festa de risadas?”

Qual é a idade ideal para o desfralde?

Fisiologicamente, por volta de 1 ano e meio ou 2 anos, a criança inicia o processo de adquirir controle sobre os esfíncteres, tornando-se capaz de liberar suas excreções quando deseja. Os pediatras geralmente aconselham que as famílias comecem o desfralde por volta dos 2 a 3 anos, quando a criança pode seguir alguns comandos.

No entanto, é importante notar que o momento ideal é quando o bebê demonstra estar preparado, o que pode variar de criança para criança. Se a criança mostrar desconforto com fraldas sujas, expressar nojo ou estranheza, ou informar quando está fazendo xixi ou cocô, pode ser um sinal de que está pronta para iniciar o desfralde.

Desfralde diurno x noturno

É importante reconhecer que o desfralde diurno e noturno exigem abordagens diferentes da criança. O desfralde diurno, ocorrendo enquanto a criança está acordada e consciente, geralmente é mais rápido. Já o desfralde noturno pode ser um pouco mais desafiador, pois acontece durante o sono, exigindo maior desenvolvimento neurológico e condicionamento.

A rotina de ir ao banheiro na escola facilita o desfralde diurno. O fato de as crianças irem juntas, em um horário específico do dia, contribui para o aprendizado. Além disso, estar cercado por colegas que já abandonaram as fraldas pode influenciar positivamente, pois usar fraldas em um ambiente onde outros já não o fazem pode gerar desconforto.

Por essas razões, o desfralde diurno, quando a criança demonstra estar pronta, geralmente dura de um a dois meses para a maioria das crianças. É completamente natural que ocorram alguns incidentes ocasionalmente, mesmo após esse período.

Já o desfralde noturno é mais demorado, exigindo mais paciência e, na maioria dos casos, perdurando de seis meses a um ano a partir do momento em que a criança começa a acordar com a fralda seca. Em casos de crianças hiperativas, o desfralde pode levar ainda mais tempo. É importante notar que os pediatras costumam aconselhar os pais a iniciar pelo desfralde diurno antes de progredir para o noturno.