Cidade onde os mortos não descansam: O intrigante mistério do solo ‘imortal’ de Pacaraima
Desde a fundação da cidade nenhum cidadão foi sepultado no local
Em uma cidade brasileira na fronteira com a Venezuela, chamada Pacaraima, os mortos não encontram seu descanso final, graças a um segredo guardado pelo solo. Pacaraima, uma cidade no norte de Roraima, enfrenta uma situação única, pois o solo é composto principalmente de caulim, um tipo de minério que retarda a decomposição dos corpos, tornando o processo extremamente lento, quase eterno.
Desde a sua fundação em 1995, Pacaraima nunca teve um cemitério, devido a uma pesquisa geológica específica. O solo argiloso e úmido impede a formação de um cemitério tradicional, uma vez que a porosidade necessária para a disposição adequada dos corpos não está presente.
Os moradores de Pacaraima são obrigados a sepultar seus queridos em outras cidades, sendo a capital Boa Vista, a cerca de 215 km de distância, uma das opções mais comuns.
O caulim, um mineral formado por silicatos hidratados de alumínio, é o perigoso por esse mistério. Ele impede a desintegração do material orgânico, resultando em uma questão extremamente lenta. No entanto, vale ressaltar que o corpo humano não passa por um processo de mumificação, pois isso requer condições ambientais específicas.
Apesar do desafio de não poder enterrar seus mortos na cidade, o caulim presente no solo de Pacaraima é uma vitória disfarçada. Esse mineral tem potencial econômico e é usado na construção civil, pavimentação de rodovias e na produção de papel, entre outros usos.
A prefeitura de Pacaraima oferece o Auxílio Funeral, que inclui uma urna e o transporte do falecido até Boa Vista, mas os familiares que desejam acompanhar o enterro em outra cidade precisam arcar com os custos.
Pacaraima continua sendo um enigma geológico fascinante, onde o solo “imortal” desafia as convenções e mantém sua população em busca de soluções para o descanso final de seus entes queridos.