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Cientistas revivem vírus “zumbi” de mais de 48 mil anos

Como forma de alerta, um grupo de cientistas revelou ter conseguido reviver diversos vírus “zumbis” encontrados em um permafrost

Um grupo de pesquisadores conseguiu isolar e reviver diversos vírus “zumbis” de um permafrost, incluindo uma cepa de vírus gigante (Pithovirus) encontrada em uma amostra de 27.000 anos que continha muito de lã de mamute, e outros de amostras de até 48.500 anos.

A maioria dos vírus isolados pelo grupo liderado pelo pesquisador francês Jean-Michel Claverie, era da família Pandoraviridae, uma família de vírus de DNA de fita dupla que infectam amebas – organismos muito pequenos e simples feitos de apenas uma célula.

Este estudo confirma a capacidade de grandes vírus de DNA que infectam Acanthamoeba permanecerem infecciosos após mais de 48.500 anos passados no permafrost profundo.Jean-Michel Claverie e equipe no artigo “An Update on Eukaryotic Viruses Revived from Ancient Permafrost”

Temperaturas visivelmente mais altas no Ártico já estão descongelando o permafrost da região, camada permanentemente congelada abaixo da superfície da Terra. Os pesquisadores agora estão tentando avaliar o tamanho do risco que as bactérias e vírus presos dentro desta camada podem representar para os seres humanos – e estão revivendo cuidadosamente alguns deles no processo.

Felizmente, podemos esperar razoavelmente que uma epidemia causada por uma bactéria patogênica pré-histórica revivida possa ser rapidamente controlada pelos antibióticos modernos à nossa disposição […] embora bactérias portadoras de genes de resistência a antibióticos pareçam ser surpreendentemente prevalentes no permafrost.

O estudo publicado em fevereiro na revista Viruses alerta que “a situação seria muito mais desastrosa no caso de doenças vegetais, animais ou humanas causadas pelo renascimento de um antigo vírus desconhecido” para o qual não haveria tratamento específico ou vacina imediatamente disponível.

O degelo do permafrost na Sibéria já foi associado a surtos de antraz em renas, já que os verões excepcionalmente quentes causaram o ressurgimento de antigos esporos da doença infecciosa grave causada por uma bactéria em cemitérios de animais.

Como medida de segurança, Claverie e sua equipe têm se concentrado em reviver vírus pré-históricos que visam infectar amebas unicelulares, em vez de humanos ou outros animais. Outros cientistas na Rússia estão atualmente caçando “paleovírus” diretamente de restos de mamutes, rinocerontes-lanosos ou cavalos pré-históricos preservados no permafrost.

Sem a necessidade de embarcar em um projeto tão arriscado, acreditamos que nossos resultados com vírus que infectam Acanthamoeba podem ser extrapolados para muitos outros vírus de DNA capazes de infectar humanos ou animais.

Eles alertaram que é provável que vírus ainda desconhecidos sejam liberados à medida que o permafrost descongela.

Por quanto tempo esses vírus podem permanecer infecciosos uma vez expostos a condições externas (luz ultravioleta, oxigênio, calor) e a probabilidade de encontrar e infectar um hospedeiro adequado nesse intervalo, ainda é impossível estimar. Mas o risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, no qual o degelo do permafrost continuará acelerando e mais pessoas irão povoar o Ártico na sequência de empreendimentos industriais.