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Operadoras: Obra em Fortaleza pode derrubar internet do Brasil

Usina será construída na Praia do Futuro, onde ficam cabos submarinos que conectam o país à internet

Operadoras de internet e telefonia estão alertando que a criação de uma usina de dessalinização no mar de Fortaleza, Ceará, pode derrubar internet em todo o Brasil caso afete os cabos submarinos que conectam o nosso país à rede mundial de internet. A usina será construída na praia do Futuro, que esconde sob suas águas límpidas 17 cabos que trazem internet da Europa para o nosso país. Trata-se do segundo maior sistema óptico submarino do mundo, logo atrás da França.

O governo do Ceará, por sua vez, tem minimizado os temores de um grave apagão, alegando que a obra não oferece riscos à conectividade. A gestão estadual ainda afirma que não há meios de alterar o local da construção, que pretende ajudar Fortaleza em períodos de seca, abastecendo casas de 700 mil moradores.

A escolha do local ocorreu porque as águas salgada da Praia do Futuro são consideradas de melhor qualidade em Fortaleza, o que facilitaria o processo de torná-la apta ao consumo humano. Além disso, a região possui boas condições de correntes marinhas e está próxima aos reservatórios que vão receber a água potável.

Neuri Freitas, presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), sustenta que mudar o local poderia encarecer o tratamento em 30% ou 40%.

– É uma água que se renova muito, então a gente não tem muita sujeira, não tem algas. Com a água de melhor qualidade, você acaba otimizando o seu custo lá na estação de tratamento. Porque quanto pior a água, maior o custo na estação de tratamento – afirmou Freitas à coluna de Carlos Madeiro, do portal UOL

O presidente executivo da TelComp, Luiz Henrique Barbosa, por outro lado, disse que a “obra pode gerar apagão de internet no país porque não está se colocando uma usina onde tem um cabo, mas onde tem um hub todo”. Ele ressalta que atualmente “ninguém pensa em chegar com internet no Brasil por outro caminho que não seja o de Fortaleza”.

– Se a gente voltasse 20 anos e já tivesse a usina, nenhuma companhia escolheria colocar cabo lá porque haveria unidade industrial. Essas áreas são escolhidas justamente por serem ideais para investimentos. Falamos de valores bilionários – destacou.

A usina vai captar água do mar a 14 metros de profundidade, e seu primeiro projeto previa construir tubulações entre dois cabos de internet, com distâncias de 40 e 50 metros. A pedido da Anatel, a planta foi mudada para preservar uma distância de 567 metros dos cabos de fibra óptica. Mesmo assim, operadoras de banda larga e data centers ainda enxergam potenciais riscos de rompimento dos cabos.

A construção ainda depende que a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) ofereça licenciamento ambiental.

O Ministério das Comunicações disse que “está atento e acompanha de perto a discussão a respeito da construção da usina”.