CelebridadesSaúdeTelevisão e Cinema
0

Leticia Sabatella é diagnosticada com autismo: como lidar com diagnóstico tardio?

A atriz disse recentemente que foi diagnosticada com autismo de grau leve

Aos 52 anos, a atriz Letícia Sabatella revelou que foi diagnosticada com grau leve do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em entrevista ao podcast “Papagaio Falante”, a artista contou como foi a descoberta.

“Ainda é um pouco antecipação eu falar, porque ainda não estudei o suficiente para falar sobre isso, mas já sei que é, descobri com investigação de uma psiquiatra e neurologista que é muito séria”, disse a atriz.

O diagnóstico tardio do TEA está se tornando cada vez mais comum, o psiquiatra Caio Gibaile destaca que a demora em descobrir o transtorno pode estar associado a comportamentos que não são considerados diferentes dentro do ambiente familiar, além de outras habilidades mascararem os sintomas.

“O diagnóstico ocorre quando consegue-se observar que os sintomas geram um problema na vida da pessoa. Às vezes só percebemos o quadro no momento em que as demandas do ambiente ultrapassam a capacidade de adaptação daquele indivíduo (…) Os sintomas podem ser ‘mascarados’ por outras habilidades. Por exemplo, quanto maior o Quociente de Inteligência (Q.I.) mais a pessoa consegue compensar os déficits do transtorno”, afirma o especialista.

Gibaile ainda destaca que o diagnóstico tardio de autismo leve ocorre em casos onde o paciente procura auxílio médico devido outras situações. “A pessoa frequentemente acaba chegando ao consultório não devido aos sintomas primários do TEA, mas por conta de outras comorbidades concomitantes, tal como Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), Transtornos de Ansiedade, Fobias, Alterações no Sono, Irritabilidade excessiva, entre outros”.

A vida social de quem está dentro do TEA é afeta devido à dificuldade de interação, como revela o especialista. “As características do transtorno impactam diretamente na capacidade de autonomia dessas pessoas. Os comportamentos repetitivos, por exemplo, podem atrapalhar na execução de tarefas, a rigidez do pensamento também torna o indivíduo menos tolerante a mudanças, e a adaptação às diferentes situações é prejudicada por um repertório limitado pelos interesses restritos daquele indivíduo”, disse Caio Gibaile.

O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por três grandes grupos de sintomas:

Déficit da interação social: dificuldade em compreender expressões faciais e em usar comportamentos não-verbais de interação, como olhar nos olhos do interlocutor; fracasso em desenvolver relacionamentos, sejam eles de amizade ou amorosos.

Déficit na linguagem: atraso no desenvolvimento da linguagem falada; ausência de alterações em tom de voz, discurso robotizado, por vezes com uso repetitivo das mesmas palavras.

Alterações de comportamento: hiperfoco em uma atividade em específico, expressando o interesse restrito naquilo; adesão inflexível a rotinas rígidas, inflexibilidade para mudanças, rituais ou movimentos estereotipados (repetitivos e sem função, como ficar balançando as mãos ou ficar balançando o tronco quando sentado).

O psiquiatra destaca que um adulto que teve o diagnóstico tardio e não obteve o tratamento na infância e na adolescência, o cuidado deve focar no desenvolvimento e reforço da autonomia dele, além do treinamento em habilidades sociais e de comunicação.