As receitinhas antigas ainda podem ser bastante úteis para tratar da saúde.
Muitas receitas antigas para tratar de feridas infeccionadas continuam fazendo todo o sentido atualmente. A combinação de mel e vinagre é uma delas e, por isso, vem sendo estudada para termos a certeza de que é seguro usar.
O estudo em questão foi publicado na Microbiology, e é a primeira exploração abrangente de como a mistura de mel e vinagre – também conhecida por oxymel – pode ser aplicada à medicina moderna para o tratamento de infecções difíceis.
Erin Connelly, pesquisadora do estudo, disse: “Em nossa pesquisa de receitas pré-modernas, notamos um padrão de combinação de mel e vinagre para lavar ou curar feridas e inchaços, e isso nos inspirou a focar nessa combinação em nossa análise”.
A razão de buscar em ingredientes simples e naturais a solução para ajudar a tratar e curar feridas infeccionadas é que as infecções bacterianas podem ser difíceis de tratar, principalmente quando estão protegidas por um biofilme.
Este biofilme é um sistema complexo de bactérias que podem aderir firmemente às feridas e, como estão protegidas pelo biofilme, são mais difíceis de matar. Nem mesmo os tratamentos modernos ajudam em alguns casos.
Então, estudar as propriedades de ingredientes naturais para entender o motivo pelo qual elas realmente funcionam, poderia ser a resposta.
No estudo, foi identificado que o mel de Manuka possui propriedades antimicrobianas e ajuda na cicatrização de feridas, enquanto o vinagre é um antisséptico bastante útil.
Embora o mel de Manuka já fosse usado antes para tratar infecções resistentes a antibióticos, ele nunca havia sido testado em combinação com o vinagre.
Além disso, costuma-se usar apenas o ácido acético do vinagre, que é o seu componente ativo, e não outros componentes que também podem ser importantes no tratamento.
Os pesquisadores começaram investigando os efeitos das combinações de duas pomadas de mel de grau médico com vinagre natural ou ácido acético.
Eles queriam descobrir a eficácia do tratamento em matar micróbios e qual combinação funcionava melhor, e também queriam saber se o vinagre integral é mais antibacteriano do que apenas o ácido acético.
Ao comparar o uso de vinagre e ácido acético sozinho, e depois em combinação com mel de grau médico, os pesquisadores descobriram que a combinação das duas substâncias era mais eficaz.
“Aplicamos uma dose baixa de mel, que por si só não matava a bactéria, e uma dose baixa de ácido acético que também não matava a bactéria sozinho”, de acordo com a Dra. Freya Harrison, uma das autoras do estudo.
“Essas doses são menores do que as que os enfermeiros de tratamento de feridas usam atualmente nos pacientes. Mas quando juntamos essas doses baixas, vimos um grande número de bactérias morrendo, o que é realmente emocionante. Realmente precisamos investigar se a combinação dessas substâncias pode ajudar os pacientes que não respondem a nenhuma das substâncias usadas isoladamente.”
Ainda é preciso realizar mais estudos para chegar a conclusões sobre os tipos de vinagre e mel que podem ser usados e sua posologia, mas, certamente os resultados alcançados até agora já trouxeram respostas muito importantes.
Atenção: As dicas desse artigo não substituem a consulta ao médico. Lembre-se que cada organismo é único e pode reagir de forma inesperada.
Este estudo está descrito no artigo “Sweet and sour synergy: explorando a atividade antibacteriana e antibiofilm de ácido acético e vinagre combinado com méis de grau médico” por Freya Harrison, Anisa Blower, Christopher de Wolf e Erin Connelly, e publicado em Microbiology.