A cada 11 anos, o sol passa por um ciclo de aquecimento em que chega no seu ponto máximo antes de começar a voltar a emitir calor em seu ritmo normal. Durante este período, aumenta a probabilidade da Terra ser bombardeada por tempestades estelares que podem interferir nos sinais de rádio, nos sistemas de energia, nas missões espaciais e nos satélites que orbitam próximos ao planeta.
Os cientistas da NASA e da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) afirmam que o próximo pico, que deveria chegar apenas em 2025, pode ocorrer bem antes disso e ser muito mais forte que o esperado. Neste texto, trazemos quatro sinais que mostram que o período de máxima solar pode acontecer antes do que esperávamos.
1. Aumento das manchas na superfície do sol
Uma das formas pelas quais os cientistas acompanham a progressão do ciclo solar é contando o número de manchas solares presentes em sua superfície. Elas são um indício de que o campo magnético do sol está com sua atividade aumentada.
O número de manchas solares cresceu em uma quantidade bem maior do que era previsto pelos cientistas da NASA para o período, e continuou aumentando durante 30 meses consecutivos. O pico ocorreu em dezembro de 2022, quando o sol apresentou o maior número de manchas em oito anos. Em junho de 2023, as manchas chegaram no valor mais alto registrado desde setembro de 2002.
2. Mancha solar gigante
Além de aumentar o tamanho das manchas solares, elas também começam a crescer muito. Em 27 de junho de 2023, foi identificada uma mancha escura chamada AR3354, que apareceu na superfície do sol, com o tamanho de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, o que significa que ela era 10 vezes maior que a Terra.
Após atingir esse tamanho, a AR3354 desencadeou várias explosões, lançando raios diretamente para a Terra que causaram um curto blecaute de rádio.
3. Brilhos estranhos
Outro indicativo do aquecimento do sol é a ocorrência de um fenômeno chamado de luminescência atmosférica, ou simplesmente airglow. Ele ocorre quando partículas energéticas penetram na magnetosfera da Terra, instalando moléculas de gás na alta atmosfera. Por consequência, o brilho produzido por radiação solar passa a ser mais gradual, gerando cores fluorescentes verdes, azuis e amarelas.
Diferente da aurora, que se caracteriza quando partículas energéticas penetram na magnetosfera da Terra, a luminescência atmosférica apresenta um brilho formado por uma radiação solar mais gradual. Em julho deste ano, o número de vezes em que os cientistas viram o airglow começou a aumentar, e permaneceu alto nos meses seguintes.
4. Nuvens desaparecendo
Por fim, outro sinal que aponta a chegada do pico de aquecimento do sol é a presença de nuvens noctilucentes, ou simplesmente nevoeiro noctilúcio. Trata-se de um fenômeno atmosférico raro, em que luzes em forma de nuvem ocorrem na alta atmosfera da Terra.
Estas nuvens são compostas por cristais de gelo e só são visíveis durante o crepúsculo astronômico. Os cristais aderem às partículas de poeira vulcânica e meteoros presentes na mesosfera, que é a terceira cada de atmosfera da Terra. Quando a chegada do pico solar se prenuncia, o nevoeiro noctilúcio começa a ocorrer com menos frequência.
Normalmente, os meses entre junho e agosto são os melhores para ver essas nuvens. Mas em 2023 quase não houve avistamento delas, por conta do aumento dos níveis de radiação solar que aqueceu a mesosfera, deixando menos vapor de água para formar as nuvens coloridas.